[REVIEW] Honeymoon – Lana Del Rey
Honeymoon
Lana Del Rey
★ 8,9
Selo: Interscope
Em 2015, Lana Del Rey lançava por muitos de seus fãs o seu melhor trabalho, principalmente pros fãs do TikTok, já eu acho esse o trabalho mais medíocre da artista, mas ainda bem que o que tem de bom no álbum se sobressai, e além de possuir originalidade, prova conceitualidade e consegue ter um espaço na minha playlist pra estudar ou dormir, porque meu Deus, esse álbum dá sono.
Na capa de Honeymoon, Lana Del Rey está posando num carro de tour temático de Hollywood, cidade essa que está por toda produção e tema desse álbum.
A primeira faixa, "Honeymoon", tem um soar romântico e misterioso, muito francês e hollywoodiano, há no instrumental diversas cordas reverberadas e um filtro surreal de ecos, que dá toda essa atmosfera sobre estar apaixonada por um homem que se esconde nas sombras. Apesar do tema central da faixa ser bom, o piano e voz por toda música me dá vontade de dormir, ou seja, querer passar logo pra música seguinte. "Music To Watch Boys To" era oque eu precisava pra começar o álbum bem, tipo Off To The Races, e bem na estética de This Is What Makes Us Girls, só que com seu tema e sonoridade mais amadurecidos. Com todo o seu conceito muito mais intimista e obscuro do que o romance perturbador de Born To Die e Ultraviolence, nessa faixa mais épica e cinematográfica até, pode se dizer que mesmo tendo uma sonoridade bem mais simples que seus antigos projetos, nesse, ela mostra evolução e que opta por esta com alguém pela felicidade dela. Em "Terrence Loves You" discute a solidão de Lana em meio a um relacionamento quebrado, tendo vista que essa mulher já sofreu muito no passado, é lindo ver uma faixa que mostra que mesmo sendo submissa e querendo ter o papel de mulher americana de uma época onde o conservadorismo predominava, ela ainda quer ser amada e estar bem num relacionamento aonde seu parceiro também tem a obrigação de segurar sua mão. O jazz intimista que a artista entregou realça o conceito melancólico da faixa e tem sua devida importância dentro de uma toda sonoridade que o álbum intensifica ao ouvinte.
"God Knows I Tried" é um ode à indústria, a tudo que ela construiu e que constantemente vinha sendo duramente criticado pelo público em si, e pela crítica "especializada", sendo a faixa falando para a mídia que basta, que o seu Deus sabe que ela sempre se esforça para entregar o melhor trabalho possível, e que não irá fazer música por eles, e sim por ela mesma. Apesar de ser muito simples na sua sonoridade, as letras de duplo sentido aonde ela desabafa que não aguenta mais e que queria viver no anonimato, ela simplesmente põe tudo na mesa e diz que não é mais problema dela, se toda crítica e mídia não gosta dela.
"High By The Beach", complementa o tema da música anterior, aonde ela só deseja estar na praia da costa oeste do seu país, e que sua frustração com a inconsistência e falta de confiança da mídia, e que pinta o cenário dos litorais constantemente e tristemente na sua cabeça, segundo ela mesma, a música glamouriza a paranoia melancólica e por isso o título e tema é estar chapada na praia. Sua primeira faixa que vem de encontro com o trap e o hip-hop eletrônico, mas etéreo e que na época rendeu muitas semanas no charts para Lana, uma faixa que mostra suas inconveniências com a mídia, simplesmente explodiu, e isso é bastante irônico. Em "Freak", ela convida seu amante para dançar lentamente e se apaixonar loucamente por ela na Califórnia. Os instrumentais, principalmente a guitarra, ecoantes e etéreos da faixa, além do reverb fantasmagórico da cantora, torna a música mais fácil de ser associada com as drogas e com as estrelas de Hollywood. A faixa faz sua transição lindamente para "Art Deco", a musica é igual no seu conceito à sua faixa irmã, que detalha com seus instrumentais lentos, eletrônicos e etéreos como é sonoramente estar dopado, mas que dessa vez, pinta um cenário muito juvenil e colegial, aonde conta as inseguranças e descontroles que a faixa etária mais nova possuem ao frequentarem festas no meio da noite. Detalhe pra percusão chiptune no final que deixa a música muito mais saborosa.
"Burnt Norton - Interlude" é apenas a primeira parte de um poema feito por T.S. Elliot que na faixa é recitado por Lana. Inclusive, recomendo muito os poemas do autor.
A faixa "Religion", me lembra muito as músicas do Blue Banisters, com o violão e melodia serem muito parecidos com Living Legend, e isso não é algo ruim, seu conceito lírico fala sobre a devoção que Lana desenvolveu dentro de um relacionamento, que apesar de parecer bem superficial de primeira vista, seu liricísmo em união aos instrumentais são até que bem executados, além de retomarem o National Anthem e o famoso Jim, o líder do culto que Lana participava quando era mais nova. Com uma risada e uma flauta assustadoras, que parecem que foram retiradas do jogo The Legend Of Zelda: Majora's Mask, as cordas e percussões ecoadas por toda a faixa "Salvatore", que significa salvador em italiano, transportam o ouvinte pra uma igreja católica corrompida ou até no meio de um terremoto na Itália, na faixa, Lana descreve um amor de um século passado, mas exatamente nos anos 40, sorvete, palavras de afirmação italianas, limousines, quase como se estivesse novamente apaixonada por um homem do tipo "Don Corleone", que pertence à máfia italiana, e isso lembra muito o Born To Die.
"The Blackest Day" é uma música que foi composta por Lana em cima dos cinco estágios do luto - negação no primeiro verso, raiva na ponte, barganha no segundo verso, depressão no refrão e aceitação no verso final - aonde Lana possui o extremo sentimento de perca dentro de um relacionamento que acabou, apesar de ser uma música ser boa em alguns momentos, ela peça muito na sua quantidade, podendo emprestar dois de seus minutos para Salvatore ou Art Deco, oque tornou a faixa enjoativa com seus 6 minutos, e com certeza, uma impecílio no processo de ouvir o álbum. "24", de longe uma das mais fracas do álbum, o título se refere a quantidade de horas num dia em que Lana tenta trabalhar num relacionamento que já está corroído, seguido por Religion e The Blackest Day, torna a faixa um tipo de sucessor pra esse amor problemático em que Lana ainda tenta fazer dar certo.
"Swan Song", essa faixa cresceu bastante em mim, mas ainda não deixa de ser bastante medíocre pro oque Lana já tinha oferecido anteriormente, a faixa fala muito sobre a lenda da canção do cisne, em que o animal cantaria lindamente uma vez em sua vida inteira e morreria logo em seguida, oque deixou seu público preocupado com um possível afastamento ou aposentadoria da artista, ainda mais que essa é a última faixa do álbum a ser composta por ela, enquanto a próxima é um cover. Cover esse sendo "Don't Let Me Be Misunderstood", que apesar de não pertencer a Lana, cumpre bem seu papel na tracklist e participa do álbum de forma coesa, sendo um pedido de Lana, para não ser mal interpretada, tanto pelo seu antigo amado que mostrou ser bastante ausente como conta a narrativa das músicas anteriores e tanto pelo público e mídia, que naquela época não se mostrava ser boa para com Lana e sua arte. Apesar das últimas músicas do álbum prenderem o ouvinte numa narrativa de amor trágico, tal narrativa não se perpetuou de forma mínima no resto das faixas, oque surge a dúvida de que haveriam dois álbuns neste projeto e eles foram apenas colocados juntos, pois oque era hollywoodiano e com uma cultura muito forte de carreiras do cinema americano dos anos 70, foi totalmente contraposto por um outro cenário muito italiano ou até francês, apesar da falta de coesão e instrumentalização serem muito básicas, o álbum não fez a cantora regredir no que diz respeito à música, ela só caminha sobre um álbum aonde teria que experimentar dores e percas para ter a felicidade em que encontramos em Lust For Life.



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